06th jan2012

Cirque du Soleil

by Biattrix

O ano começou cheio de boas surpresas!

A minha vida tem mudado muito, e bem rápido. Confesso que não dou muita atenção em como isso impacta a mega-mutante-vida do João. Sim, porque aos 5 anos de idade, tudo muda o tempo todo e as novidades acontecem a cada 5 minutos (embora o tempo pareça andar bem lento, quase arrastado!). E essa falta de atenção é proposital – a vida é assim, e dar muita atenção a isso seria hipervalorizar algo corriqueiro.

Comemoramos as conquistas. E de um tempo para cá, tenho celebrado os erros também!

Errar é fazer.
Errar é mão na massa.
Errar é crescer.
Errar é amadurecer.
Errar faz parte de todo e qualquer processo de aprendizado.

Eu poderia continuar listando tudo o que um erro pode nos oferecer, mas acho que isso já mostra o que penso a respeito.

– Eu já comentei que adoro ouvir meu vizinho errando as notas no Sax? Poizé… adoro. É como se eu acompanhasse sua evolução. No início, as repetições e erros me incomodavam bastante. Depois, mudei o foco e passei a admirar sua persistência, paciência, e horas de dedicação. Nota a nota, ele repete frases inteiras no instrumento, sem evoluir para uma “música” de fato. Até aquela frase estar perfeita no sopro, no ritmo dos dedos, nos ouvidos…

Meu irmão mais novo, padrinho do João, é bem perfeccionista, exigente e  imediatista! Diz querer tocar um instrumento, mas sabe que não teria a paciência necessária para tantos erros. Admiro isso. E odeio também. Desta maneira, ele se priva de tantas alegrias! Embora esse querer seja um dos mais frouxos, aquele querer-querer-quero-não…

Eu fui assim um dia. Não sei ao certo quando mudei e passei a valorizar os erros. Mas lembro do dia exato que a “ficha caiu” e me peguei na área de serviço, debruçada na janela, encantada com as repetições infinitas do sax do meu vizinho. Não vou exagerar, mas o mundo ganhou mais nitidez.

A mesma sensação eu senti na quarta-feira, dia 4 de janeiro, ao prender o ar no instante que um artista do Cirque du Soleil errou o passo.

O espetáculo Varekai é mais bonito do que eu imaginava. A trupe é incrível, além do humano. Com gestos e movimentos que desafiam o cotidiano e os aproximam do que eu imagino Deus.

Assistir ao Cirque du Soleil foi um presentão! A Cris nem imagina a felicidade que nos deu quando deixou dois ingressos na minha portaria. Eu estava ansiosa e um tanto desapontada com a falta de interesse do João. Mas, ó, que delícia ver o rostinho dele mudar espetáculo adentro. Queixo caído, olhos arregalados, inquieto na cadeira, tentando absorver toda aquela informação.

Saímos do espetáculo encantadérrimos e, por mim, posso dizer: foi uma apresentação impecável e inesquecível.

Mas, e aquele erro? Bem, ele não foi o único da noite – precebi mais dois deslizes. Eu seria leviana se dissesse que aqueles três perceptíveis erros comprometeram todo um espetáculo belíssimo. Aliás, leviana não: eu seria muito amarga se pensasse isso…

Então porque deixo aqui registrados os erros? Ora, porque até eles foram lindos! O sorriso do artista ao levantar da queda, sua insistência e garra para tentar de novo… ah! Eu os tomo como lição de vida! E assim, tento mostrar o mesmo para o João.

 

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